Após uma vida inteira de trabalho e economia para uma aposentadoria tranquila, um casal idoso de Belo Horizonte viu evaporar mais de R$ 400 mil de sua poupança no Bradesco.
O dinheiro foi alvo de várias transferências e saques, iniciados em maio deste ano, na agência da avenida Antônio Carlos.
Contatado no começo de agosto, quase dois meses depois, o banco ainda não deu previsão à família sobre a devolução dos valores.
Em entrevista, a filha do casal, uma engenheira civil de 51 anos que permanecerá anônima, relatou que os pais mantinham a poupança no Bradesco por cerca de 30 anos. Usada como fundo de emergência, a conta raramente era movimentada.
“Meu pai trabalhou muito, não viajava, não tirava férias, sempre pensando no futuro dele. Sempre que ele precisava movimentar alguma quantia, ele ia presencialmente até a agência, ligava com 24 horas de antecedência, tinha que avisar o que faria com o dinheiro. Ele não tinha cartão, nunca usou cartão dessa conta. Meus pais não tinham aplicativo, são idosos de quase 80 anos”, explicou a mulher.
O controle da conta era feito pelo extrato bancário, recebido a cada dois meses na residência do casal. Foi apenas em 31 de julho, quando o documento chegou pelo correio, que os idosos tiveram a desagradável descoberta.
“Somente em um dia foram nove saques de R$ 2.500, uma compra de R$ 12 mil, outra de R$ 9 mil. No dia seguinte meus pais foram até a agência e descobriram que a conta estava zerada”, relata a filha.
Questionada, a Polícia Civil informou por nota que um inquérito foi aberto em 1º de agosto para investigar a denúncia de furto em conta bancária.
“Diligências investigativas seguem em andamento a cargo da 3ª Delegacia de Polícia Civil de Venda Nova e a Polícia Civil empreende todos os esforços para apuração dos fatos e circunstâncias, bem como, identificação de suspeitos“, afirmou.
Dois meses sem resposta do Bradesco
Desde 1º de agosto, quando o banco foi contatado, o casal ainda não tem previsão para recuperar suas economias.
“Se meu pai precisar de R$ 2 mil para uma emergência, não terá. Registramos um boletim de ocorrência e, ao ligar para o banco, o gerente só diz que está em análise. Mas se eles têm acesso às câmeras, já sabem que não foram meus pais”, argumenta.
Na opinião da filha, houve falha na segurança do banco. “O Bradesco sempre divulga que, se houver uma movimentação suspeita, a Bia, que é a inteligência artificial do banco, te liga avisando. Mas, no caso dos meus pais, as movimentações foram de maio até junho e só descobrimos quando chegou o extrato.
O banco não suspeitou de nenhuma das movimentações, não ligou para perguntar se era a gente que estava fazendo. A segurança do banco falhou. O dinheiro foi furtado dentro da agência, no lugar que a gente achava que o dinheiro estaria mais seguro.
Quando questionada, a assessoria de imprensa do Bradesco informou apenas que está analisando o caso e que, “por questões de sigilo bancário”, o assunto está sendo tratado “diretamente com o cliente”.